domingo, 17 de março de 2013

Mudanças: será mesmo preciso?

Olá para vocês...
Quero falar o que ando pensando ultimamente sobre a vida, seus sofrimentos e dificuldades.
Que difícil hein? A vida e seus sofrimentos!
Sabe vivo o dia a dia da dependência química e sempre acredito que alguma coisa vai mudar, mais dificilmente muda. É sempre a mesma coisa, destruição sobre destruição.
O dependente sofre, a família sofre todo mundo sofre.
Creio estar sofrendo também, sofro por não conseguir mudar as coisas, por muitas vezes não conseguir entender o sofrimento tanto meu quanto dos outros, sofro por não conseguir ajudar e por também ver constantemente que muitos não querem ajuda.
Muitos querem somente remendar suas vidas, fazer reformas externas que não vão resolver os problemas de estrutura. É como se fossemos um edifício com rachaduras por todos os lados e acharmos que apenas passar uma mão de tinta vai resolver, no final fica uma coisa tipo sepulcro caiado, bonito por fora e feio por dentro.
O engraçado é que na maioria das vezes reagimos assim mesmo, todos nós.
As mudanças tem que vir de dentro para fora e não ao contrário, porque senão se tornam apenas soluções temporárias para nós. Mudar o cabelo ou comprar uma roupa nova pode nos trazer durante um tempo um bem estar ou elevar a estima mais não vai resolver o problema com relação ao sentimento interno de desvalorização pessoal.
Comprar um super carro, uma mega casa ou apartamento, aparelhos eletrônicos de última geração também não vão mudar a verdade de si mesmo, vão apenas mascarar.
Tudo isso já foi feito antes, sempre deu o mesmo resultado, a única forma é fazermos essas mudanças.
Como fazê-las provavelmente você está se perguntando?
Uma autoanálise é o ponto de partida, olhar o que gosta e não gosta em sua vida, quando as tiver descoberto o ideal é amplificar o que gosta e entrar com medidas para reverter o que não gosta.
Existem diferentes formas de analisar esses pontos satisfatórios e insatisfatórios que podemos dividir em 2 categorias em internos e externos.
Os fatores internos estão ligados a forma como se vê e interage com você e os externos em como fatores externos a você interfere em você externa e internamente.
Os fatores internos negativos geralmente estão relacionados a: baixa estima, desmotivação, vergonha de algo em si mesmo, sentimentos de raiva, frustração ou medos e por ai vai, como por exemplo vergonha do corpo, medo da rejeição, medo do fracasso, raiva de tudo e de todos, não se achar capaz e etc.
Os fatores externos negativos que influenciam internamente na grande maioria estão relacionados a: disfunções familiares, profissionais, relacionamentos, materialismo muitas outras coisas, por exemplo não gostar de seu trabalho, de sua casa, da forma como é tratada pelos outros, preocupações excessivas com a aparência e etc.
Olhando agora os pontos separadamente e seus exemplos podemos perceber que eles se cruzam e/ou se fundem o tempo todo. O maior exemplo que posso dar deste cruzamento ou fusão é a frustração e raiva que tanto o dependente químico quanto nós sentimos (fator interno) por insistentemente tentarmos modificar ou controlar o outro (fator externo) e em minha experiencia vejo que este é um dos maiores sofrimentos pelo qual passamos muito constantemente na vida e no dia a dia. 
Os fatores internos e externos primeiramente são combatidos com aceitação deles, depois se deve entrar com maior valorização pessoal no caso dos internos e nos externos entrar com medidas que possam modificá-los externa e internamente.
Existe uma formula muito boa para os conflitos internos chamada terapia do espelho e funciona assim, fique de frente para um espelho e comece a falar com você sobre o que não gosta e também a dizer o que você gosta, diga frases do tipo “não gosto disto, não gosto daquilo, não vou mais me permitir isso ou aquilo, diga também que você é especial, capaz, lindo(a) e até mesmo “Eu te Amo”. Tente por algum tempo fazer isso e veja o resultado da elevação da autoestima.
Nos caso dos externos tome ações que mude o que está sentindo, algumas coisas podem ser resolvidas também através da terapia do espelho mais em alguns casos deve-se mudar alguma coisas de forma mais direta e real. Por exemplo, mudar de emprego para algo que goste de fazer, mudar um relacionamento que não está bem, parar de se preocupar insistentemente de forma materialista e por ai vai.
Temos que buscar gerar prazer em nós de forma assertiva, isto é, se valorizando como seres humanos  mudando fatores internos e externos em igual proporção.
Como falei no início temos o defeito de apenas modificar o externo e não dar atenção ao interno, o dependente químico principalmente tenta o tempo todo modificar o externo, e se esquece ou até mesmo abandona o interno. Os motivos são muitos para isso e já foram citados alguns aqui como a vergonha, culpa, medo, imaturidade e outros e todos eles levam o dependente a não vivenciar a realidade que tem que aceitar, como diz um slogam famoso “a dor é inevitável o sofrimento é opcional” e é disso que não só dependente tem medo mais todos nós, medo da dor.
A dor da culpa, do remorso, da frustração, do desalento, da solidão, do abandono, do fracasso, da mudança e etc.
Temos que lutar contra a nossa dor, enfrentá-la e vencê-la.
Para terminar desejo á todos vocês meus amigos muito sucesso nesse processo doloroso conhecido como “crescimento” que dói e dói muito deixo também esta fantástica frase para reflexão: “somente quando à dor de permanecermos o mesmo for maior que a da mudança, poderemos mudar”

Boa semana a todos e até o próximo post.

Um comentário:

  1. Gostei muito dessa postagem. Compartilho desse sentimento de impotência, pois em muitas situações desejo realizar mais do que posso. Neste momento busco a Sabedoria para diferenciar o que está em meu alcance e o que não me cabe.
    Concordo com esse quesito da mudança ser de dentro pra fora, por isso a importância do autoconhecimento. E cada pessoa só muda quando esta se torna a única opção ou quando permanecer igual se torna insustentável, como você diz "a mudança ocorre quando a dor de permanecermos os mesmos for maior que a dor da mudança".
    Parabéns!

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