domingo, 1 de junho de 2014

Relação Mãe e Filho Dependente Químico

Conforme postado anteriormente, diversos são os fatores que contribuem para o desenvolvimento da adicção em um indivíduo, a relação familiar é uma delas. E o que será falado nesta postagem é a relação dos pais com a dependência química de seus filhos, destacando-se a relação maternal. Visto de desde a gestação é estabelecido um vínculo vital entre mãe e bebê de aproximadamente 9 meses, sendo este um período longo e que requer determinados cuidados e para a maioria das mães é um período de grandes mudanças e prazer imensurável.
O primeiro contato com o mundo se dá através da mãe, que passa para seu bebê todo o alimento de que este necessita e concretamente o carrega. Este vínculo pode ser positivo ou não, dependendo das expectativas em relação ao bebê e se a gravidez foi planejada ou não. Nesta relação já estão permeadas ideias sobre “ser mãe”, que podem estar associadas desde um intenso prazer até excessiva cobrança.
Em se tratando de dependência química de um(a) filho(a), é percebido que muitas mães sentem-se culpadas pela situação, em alguns casos pelo controle que o dependente sente das pessoas do seu convívio familiar e em outros pela total liberdade dada a eles. Em se tratando da educação dos filhos não há uma regra do que é mais correto, o que há é uma grande variedade de opiniões entre profissionais e quem vive na própria pele esta experiência.
Uma das características da codependência é o excesso de zelo com o outro, intensificando sua ausência em sua própria vida, podendo ser uma forma de lidar com o medo que tem de entrar em contato com seu próprio mundo interno.  Assim, o codependente também é dependente, não da droga, mas da relação com o dependente químico, do vínculo estabelecido.
A mãe codependente pode estar ainda mais afetada por esta doença, exatamente por já estabelecer com este filho um vínculo inicial, que geralmente se caracteriza pelo afeto, apego e superproteção. A relação de apego pode ser construida de forma segura ou insegura, vendo-se que a partir das respostas das pela mãe(poderia ser um pai ou um cuidador também) ao comportamento do bebê pode-se criar um ambiente onde este se sente mais ou menos acolhido. Assim, uma criança negligenciada em seus cuidados está mais exposta a desenvolver padrões futuros de insegurança e medo diante da determinadas situações.
Da mesma forma, crianças que aprendem a confiar no ambiente e tem suas necessidades atendidas de forma saudável tem maiores possibilidades de se tornar um adulto mais seguro e autônomo.
Se entendermos que a adicção tem como uma das características a desorganização interna da pessoa dependente e a dificuldade em desenvolver relações saudáveis com o mundo, vemos que quando este é o completamente dominado pelas escolhas e ideias das figuras de autoridade sobre sua vida, sua visão de escolha e responsabilidade são reduzidas. este controle juntamente com a superproteção são alhuns dos principais fatores de disfuncionalidade da pessoa dependente, pois não aprende a escolher e tomar decisões por si mesma e a superproteção impede que assuma responsabilidades que a ela cabem.
Temos que ter em mente que o primeiro modo de aprendizagem de um ser humano é a partir da observação e repetição, sendo assim, uma mãe que desenvolve a autonomia do filho, ensina o filho a se responsabilizar por suas escolhas e atos e, suas ações são baseadas comportamentalmente em si mesma e ao mesmo tempo se coloca como base segura para este, possibilita que o modelo de comportamento seja copiado pela criança, auxiliando deste modo no desenvolvimento de um adulto mais organizado internamente e apto a construir melhores relações com o mundo.
É importante lembrar que a codependencia é um doença e pode ser tratada, através de acompanhamento terapêutico e participação em grupos de mútua ajuda. Identificar o problema e buscar ajuda é uma forma de não continuar reproduzindo padrões disfuncionais de comportamento.
Este é um assunto muito delicado e de muitas controvérsias, mais continuarei trazendo informações sobre o tema pois acredito que sem uma mudança de estrutura familiar, reajuste de papeis familiares e acima de tudo preparo as chances de recuperação do dependente se tornam menores e quem perde com isto são todos.

Boa Semana a todos. Até o próximo post.

Deixem seus comentários e sugestões.

3 comentários:

  1. Isso aí, levantar o assunto e informar é o primeiro passo pra mudarmos a realidade. Interessante o que falou sobre papéis familiares, pois muitas vezes perde-se o parâmetro do lugar que se ocupa dentro da família. Ainda mais na adicção ativa, onde respeito e limites acabam deixados de lado. Cada um deve se responsabilizar por sua vida, buscando o bem comum, pois todos estão afetados pelo problema. Assim, é importante que todos se comprometam com o tratamento.
    Parabéns!
    Sugiro que discuta sobre auto-estima do dependente e sua auto-imagem.
    Obrigada

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  2. Parceria dando super certo.Parabéns!

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  3. Minha recuperação começou quando tirei o peso da recuperação de meu familiar dos meus ombros. Apesar de ter que fazer uma reflexão ao trabalhar meus passos, principalmente o passo quatro, na verdade as ações e sentimentos do outro são de responsabilidade dele, bem como sua recuperação. Enquanto condicionava a recuperação dele a minha, andei em círculos. Preciso fazer este exercício de colocar o foco em minha própria recuperação todos os dias.

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