quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Esquizofrenia e Alcoolismo: Distinções Básicas

Alcoolistas, ou seus familiares, costumam indagar se não se trataria de um caso de esquizofrenia. É grande o desconhecimento a respeito das doenças psiquiátricas e chega-se a associar o termo esquizofrenia à palavra “esquisito”, atribuindo o título de esquizofrenia a todo comportamento que desvie dos padrões habituais.

De qualquer forma, é de domínio público que a esquizofrenia é uma doença grave, ainda sem perspectivas de cura. Mas seu tratamento vem obtendo sucesso em permitir que pacientes esquizofrênicos levem uma vida praticamente normal e integrada à sociedade.

No entanto, há, uma tendência a confundir doenças, o que dificulta o correto reconhecimento do alcoolismo e seu tratamento. Do ponto de vista médico, porém, a distinção entre alcoolismo e esquizofrenia não é difícil, já que, ao contrário de outras doenças como (depressão, ansiedade…), suas manifestações clínicas são muito diferentes.

Os transtornos esquizofrênicos têm como característica fundamental as alterações da percepção, ou seja, audição, visão, e, menos comumente, tato, paladar e olfato fornecem ao indivíduo afetado informações distorcidas ou inexistentes. Classicamente, pode-se ouvir vozes, ou ver imagens inexistentes.

Podem apresentar também os esquizofrênicos distúrbios de pensamento, quando têm a sensação de que alguém lhes impõe ideias que os obrigam a tomar determinadas atitudes totalmente inadequadas, e persecutoriedade. Tudo isso vivenciado com muito sofrimento.

Outra característica dos que padecem de esquizofrenia são os afetos inapropriados; em outras palavras, seus sentimentos não correspondem aos da realidade que os rodeiam. Em muitos casos a pessoa não manifesta qualquer tipo de sentimento, dando a impressão de não os possuir.

Na esquizofrenia há uma distorção da realidade. Já o alcoolismo apresenta como uma das suas principais características a negação da realidade. Com muita frequência a família, também adoecida, não aceita o diagnóstico, preferindo atribuir a outra doença os distúrbios de comportamento. Isso não quer dizer que a família tenha um medo maior do alcoolismo que da esquizofrenia e considere esta como um mal menor, simplesmente deseja-se fugir do estigma que pesa sobre o alcoolismo fortemente cercado de preconceitos morais.

Percebe-se atualmente na prática clínica maior incidência da comorbidade – existência concomitante das duas doenças: alcoolismo e esquizofrenia.

A Medicina já desenvolveu tratamento adequado tanto para o alcoolismo quanto para a esquizofrenia, e mesmo para a ocorrência simultânea de ambos. Ao falarmos do tratamento do alcoolismo, vimos que são grandes as chances de recuperação do paciente alcoólico, mesmo aquele que também padece de esquizofrenia, quando assistido por profissionais da área e com envolvimento das partes.

Siga em frente.

Saudações!

Fábio Augusto Bento Freitas

Terapeuta em Dependência Química. Atualmente cursando Serviço Social na Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro.

Referências Bibliográficas:

Alcoolismo. (Jorge Antônio Jaber Filho; Charles André)

10 comentários:

  1. Parabéns pelo seu trabalho fabio... A sociedade não tem informações sobre essa patologia e confunde esquizofrênico com psicopata... Essa doença é desgenrativa do sistema imunológico central no caso uma doença química e comparando com Alzheimer que ele não sofre quem sofre é quem está ao redor o esquizofrênico diferentemente sofre junto e por isso da resistência pois ele muitas das vezes quer recomeçar tudo do zero... Que é praticamente impossível... Até aceitar o tratamento e ter uma vida normal... Os esquizofrênicos vão mudar o mundo... Pois temos sentimentos espremidos que um dia vão se liberar... Muito obrigado pela divulgação do tema pois a sociedade está muito desinformada... Abraço meu amigo 💙

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  2. Boa noite meu querido... Como sempre,muito preciso nas colocações e trazendo conteúdos com muitas riquezas de informações..!!!

    Grande abraço

    Att
    Beto ... Tmj VASCAÍNO..KKKKK

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  3. O Assunto é muito importante, trabalhando há alguns anos na área de saúde mental vim a perceber que o individuo tem muita dificuldade em relação á aceitação de sua patologia o que influência negativamente no tratamento, pois promove muita recaída e daí gerando problemas ao individuo. O álcool é um potente construtor de doenças mentais gravíssimas como a esquizofrenia.. Muito bom texto

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