quarta-feira, 29 de julho de 2020

O Maravilhoso Programa De Doze Passos – Décimo Passo

Olá meus amigos leitores como estão? Espero que todos estejam bem e prontos para continuar nossa jornada de autoconhecimento através do Maravilhoso Programa de Doze Passos

Chegamos ao passo 10 “Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.” como é que isso funciona?

Bem vamos olhar um pouco da jornada até aqui, estamos evoluindo, buscando remodelar nossa vida com a aplicação dos princípios espirituais e já passamos por momentos extremamente difíceis e decisivos nesta jornada não é mesmo? A admissão da nossa impotência e descontrole, a busca de sanidade, nosso inventário moral profundo e destemido, a remoção de defeitos e agora pouco antes listamos e começamos a fazer nossas reparações, nossa! Quanta coisa mesmo e para que tudo isto se mantenha precisamos do passo 10.

O passo 10 basicamente funciona como um termômetro do nosso processo, através desse termômetro analisamos nossas ações e se estão condizentes com o que entendemos por recuperação.

Como fazemos esse passo? A resposta é simples, o próprio enunciado diz que é um inventário, portanto temos aí uma ação explicita, a escrita.

Ao nos dispormos a analisar nosso dia, nossas ações, sentimentos, motivos e tudo o mais que se perceber importante vivenciamos o seguinte texto descrito na literatura de recuperação: “A primeira coisa que fazemos é parar! Depois nós nos damos um tempo e nos permitimos o privilégio de pensar”1 e por si só isto já seria uma grande maravilha para nós.

Precisamos deste passo para não acumularmos mais destroços em nossa jornada, para evitar que nos coloquemos em situações de alto risco e acima de tudo observar como estamos no processo, no hoje.

Podemos perceber que estamos voltando ao padrão anterior antes dele nos dominar novamente. Podemos perceber que cometemos erros que merecem atenção imediata e também podemos perceber que estamos melhorando dia a dia.

Ao nos lembrarmos que somos seres humanos em construção, passiveis de erros precisamos nos precaver sempre, somos vulneráveis ao sucesso, tanto quanto ao fracasso. Somos propensos a enveredar ao conhecido destrutivo e não ao novo positivo e por isto, somos pessoas que necessitam de atenção e aplicação constante dos princípios espirituais do programa.

Não precisamos mais acumular o lixo (equívocos e erros) para nos livrarmos deles apenas mais tarde, fazemo-lo imediatamente para não cairmos na armadilha de cariem em esquecimento ou mesmo voltar a nos produzir a dor antes sentida.

Cada prontificação feita neste momento nos liberta do aumento e do resultado direto da ação destrutiva cabível, influencia em não agregar itens à lista de reparações, e acima de tudo nos manterá mais leves na continuidade do processo.

“Quanto mais trabalhamos este passo, menos precisaremos da sua parte corretiva.”2

Ser nós mesmos é uma arte e uma liberdade que não podemos perder por falta de auto avaliação.

Vamos começar agora a olhar para nós todos os dias, sobre todas as perspectivas e admitir prontamente nossos erros, mais além disto vamos também saborear nossa evolução e seus resultados.

Bora para o inventario diário? Papel e caneta na mão.

Boa reflexão a todos. Deixe seu comentário ele é importante para nós.

Até o próximo post. 

Ulysses Beolchi Jr
Editor do Blog
ThetaHealer
Terapeuta especializado em dependência química

Referências bibliográficas

1 Texto Básico de Narcóticos Anônimos – 5ª Edição – Capitulo 4 – Como funciona – Passo 10  pág. 46

2 Texto Básico de Narcóticos Anônimos – 5ª Edição – Capitulo 4 – Como funciona – Passo 10  pág. 47



domingo, 26 de julho de 2020

A Entrevista Motivacional na Dependência Química

Não há medidas simples para mudança de comportamento de dependentes químicos.  E cada vez mais, pesquisadores profissionais que atuam nesta área, buscam maneiras eficazes de atuação no tratamento da doença da dependência química. No entanto, nos últimos anos, houve uma grande evolução no conhecimento no que tange ao processo de mudança e na descoberta de estratégias de intervenção efetivas na promoção da mudança desse comportamento e na eficácia de tratamento.
A Entrevista Motivacional (EM) consiste em uma abordagem eficaz para promoção da mudança do comportamento em favor de um estilo de vida saudável e produtivo. Agregando valor, valores e valorização.
Original pelos psicólogos Willian Miller e Stephen Rollnick na década de 1990, essa abordagem psicológica, consiste na habilidade que tem por objetivo evocar as motivações internas para promover mudanças comportamentais de acordo com os interesses que o indivíduo tem na melhoria de sua saúde promovendo as relações sociais.
A Entrevista Motivacional (EM) surgiu a partir de experiências clínicas com pessoas que apresentavam problemas com o álcool, sendo logo experimentadas no tratamento de diversos outros transtornos em várias partes do mundo com resultados positivos. Está fundamentada nos conceitos de motivação, ambivalência e prontidão para mudança, e recebeu influências de outras abordagens tradicionais, como as de aconselhamento, terapia cognitivo-comportamental (TCC), teoria sistêmica e psicologia social.
Possui metodologia prática e objetiva que permite ser aplicada por profissional qualificado e absorvida pelo indivíduo de forma empática, motivadora, colaborativa e não quantitativa. Possibilitando o reconhecimento das potencialidades do indivíduo, e promovendo a capacidade de estruturação de mudanças positivas em sua vida pessoal com a evocação de valores esquecidos como: respeito, responsabilidade, atitude e valorização da vida.
A essência da EM implica na presença de três atitudes preponderantes do profissional em relação ao seu cliente (paciente): colaboração, evocação e respeito pela autonomia do indivíduo.
• Colaboração: diz respeito à parceria cooperativa que deve haver entre o profissional e o cliente (paciente). O diálogo estabelece de forma colaborativa, ativa e o processo decisório é feito em conjunto, que somente o cliente (paciente) poderá efetuar a mudança.
• Evocação: consiste em ativar a motivação do cliente (paciente). Sendo assim, o profissional parte de valores, interesses e perspectivas de seu cliente (paciente), propiciando um ambiente estimulante.
• O respeito pela autonomia: requer a aceitação de que o indivíduo pode e deve fazer as escolhas sobre a direção de sua vida.
Os profissionais podem informar, advertir, aconselhar. Porém, é o cliente (paciente) quem vai decidir o que, quando e como fazer. Reconhecer e respeitar essa autonomia são elementos fundamentais para identificar e facilitar a mudança do comportamento relacionado ao discernimento cognitivo e comportamental. Faz parte da essência da Entrevista Motivacional reconhecer que o indivíduo tem competências, recursos, capacidade e força própria para fazer uma mudança em sua vida. Ela auxilia também em propiciar a resolução da ambivalência, ou seja, a existência de sentimentos conflitantes e opostos em relação à mudança, o que é considerado normal. Deve-se sempre respeitar em primeiro lugar a autonomia do cliente (paciente). Em qualquer mudança importante na vida, a ocorrência da ambivalência é esperada e estará sempre presente em praticamente todas as fases do tratamento. O trabalho realizado conforme os princípios da Entrevista Motivacional, deve inspirar a mudança e fortalecer o compromisso, e certamente envolve o funcionamento de todas as nossas emoções, incluindo a capacidade de amar, ter esperança, interesse, compaixão e alegria.

METODOLOGIA DA ENTREVISTA MOTIVACIONAL
Consiste na utilização de reflexões, reforços positivos, resumos e perguntas abertas em uma relação 2 e 1, ou seja, a utilização de pelo menos duas estratégias para cada pergunta. Esse método foi desenvolvido para auxiliar o profissional a estruturar seu diálogo com o cliente (paciente), permitindo que ele possa falar ao máximo o que se sente em relação ao comportamento prejudicial e à possibilidade de mudá-lo. Conhecida também por PARR (em inglês OARS), o método consiste em:
P- Perguntas abertas; A- Afirmar; R - Reforço Positivo; R - Refletir; R - Resumir.
• Perguntas abertas: Uma forma de começar a terapia é fazer perguntas de modo que encoraje o cliente (paciente) a falar o máximo possível. Perguntas abertas são aquelas que não podem ser respondidas facilmente com uma palavra ou frase simples. Na entrevista motivacional não é recomendado o uso demasiado de perguntas, sobretudo de forma consecutiva. A ideia é sempre fazer uma pergunta para cada duas outras estratégias, de preferência com o uso de reflexões.
• Afirmar – reforço positivo: O reforço positivo é uma das peculiaridades na entrevista motivacional. Ele pode ser realizado por meio de apoio, elogios e oferecimento de apreciação e compreensão por parte do profissional. O reforço positivo tem que ser feito de forma verdadeira, caso contrário, ele pode servir como uma barreira para realmente escutar, acolher e compreender o cliente (paciente).
• Refletir: É a principal estratégia da EM e deve ser utilizada durante a fase inicial do tratamento, principalmente entre os clientes (pacientes) ainda muito ambivalentes em relação à mudança. Para avaliar se a reflexão foi feita de maneira efetiva, basta analisar a reação do cliente (paciente): se expressa concordância, não apresenta postura defensiva, se sente estimulado a falar mais, apresenta uma postura verbal mais relaxada ou motivada.
• Resumir: Resumos podem ser utilizados para conectar os assuntos que foram discutidos, demonstrando que você ouviu, escutou seu cliente (paciente), funcionando como estratégia para que se possa organizar suas ideias. Os resumos podem ser utilizados em vários momentos da sessão, ou seja, quando o cliente (paciente) analisa várias ideias ao mesmo tempo e o profissional tenta conectá-lo para que ele reflita e tenha melhor compreensão. Além de funcionar para o cliente (paciente) de que está sendo ouvido atentamente pelo profissional, gera menor resistência.
Portanto, a entrevista motivacional é considerada uma abordagem útil e eficaz para uma grande variedade de problemas comportamentais, e também para o tratamento do uso, abuso e dependência de substâncias psicoativas. Consiste em uma intervenção relativamente breve, compatível com os tratamentos usuais para dependentes químicos, até mesmo para aqueles com histórico de desistência de tratamentos anteriores. Conter o uso e abuso e tratar a dependência de drogas implica mudanças de comportamento e constitui em enorme desafio para profissionais das diversas áreas envolvidas no tratamento da dependência química. 
A EM é uma maneira eficaz de motivação, preparação e tratamento, e que promove uma mudança de comportamento consistente e duradoura, promovendo assim a autonomia necessária ao dependente químico para condução de sua própria vida.
Vale a observação de que a EM é aplicada comumente em pacientes que ainda não perderam totalmente o controle de seus atos ou que recaíram após período de sobriedade.
E igualmente aplicada por pessoas portadoras da doença da dependência química, sendo independente seu lugar neste artigo.
Vale outra observação: indivíduos têm escolha.
Siga em Frente.
Saudações.

Não deixem de publicar seus comentários, eles são importantes para nosso trabalho, ficaremos felizes em recebe-los e respondê-los.


Fábio Augusto Bento Freitas
Terapeuta em Dependência Química, cursando Serviço Social na Universidade Estácio de Sá

quarta-feira, 22 de julho de 2020

O Maravilhoso Programa De Doze Passos – Nono Passo

Olá amigos leitores do blog O DQ Um Novo Rumo, espero que todos estejam bem e que possamos mais uma vez trazer um texto de boa reflexão.
Caramba, chegou um momento muito especial em nossas vidas e recuperação: o momento de fazermos reparações.
O passo nove nos orienta ao seguinte: “Fizemos reparações diretas a tais pessoas, sempre que possível, exceto quando fazê-lo pudesse prejudicá-la ou a outras.”
Uau, mas que complicado isto! Que medo! Se este for o pensamento teremos muitos problemas em executá-lo, porém também temos a ciência que ele não é de fácil execução porque envolve alguns princípios de difícil aplicação em sua essência.
Uma reparação exige muita coragem e fé, e o resultado é muito crescimento espiritual. 1
Este passo não deve ser evitado. Se assim fizermos, estaremos reservando, em nosso programa, um espaço para recaída. Às vezes, o orgulho, o medo e a procrastinação parecem uma barreira intransponível; obstruem o caminho do progresso e do crescimento. O importante é partirmos para a ação, e estarmos prontos para aceitar as reações das pessoas que prejudicamos. Fazemos as reparações o melhor que podemos. 2
Partindo então destes dois pontos percebemos a profundidade e importância dele para nós, pois “…Devemos isso a nós mesmos e às pessoas que amamos”3, e “…o Passo Nove ajuda-nos com a nossa culpa e ajuda os outros com sua raiva.”4 e esta é a forma como vamos nos libertar do peso das ações do passado.
Esse é um passo de superação do medo, vergonha e culpa que carregamos conosco e sabemos o quanto é difícil superá-los, então nós pegamos nossas lista e seguimos em frente confiando no Poder Maior amoroso, bondoso e cuidadoso que encontramos lá no passo dois e entregamos a Ele os resultados de nossas ações neste passo.
Sabemos que algumas das reparações terão um peso mais árduo que outras, isto irá depender de que e a quem se trata a reparação.
Temos em nossas mãos nossa lista de reparações feita no passo oito e nela uma enormidade de nomes e motivos e isto é um fato que não podemos ignorar, quanta gente heim? Quantas coisas. Não importa o grau de dificuldade o importante e partir para a ação.
Às vezes, a única reparação que podemos fazer é nos mantermos limpos. 5 e esta pode bem ser a mais valorosa reparação feita a muitos, mas principalmente a nós mesmos.
Pode haver reparações em nossa lista que não consigamos fazer diretamente por diversas razões como falecimento, não sabermos ou possuirmos qualquer outra forma de contato, serem vítimas casuais ou mesmo desconhecidas de nós entre outros exemplos e para  estes casos as fazemos de forma indireta, isto quer dizer, com ações de proporção igual ou semelhante ao dano causado, darei  exemplos e sugestões a seguir no item algumas reparações.
Tomemos cuidado para não deixar o medo tomar partido por esta exceção, tão bem como a de não envolver outras pessoas em nossas reparações, e com isto buscar facilitar nosso processo de reparação fugindo ou se justificando.
O medo é poderoso, mas jamais devemos deixar de buscar vencê-lo, coragem.
Como citei acima devemos evitar envolver outras pessoas em nossas reparações, pois ou elas não estão prontas para tal ação ou podem ser prejudicadas por isto, o que também levaria à inclui-las em nossas lista, a reparação é para nós, então nos atentamos á nossas parte, o outro cuida da dele.
A humildade é o princípio fundamental deste passo, pois com ele aceitaremos melhor os resultados de nossas reparações, pois algumas delas não terão o efeito desejado, pois o outro não é obrigado à aceita-las, mas nós necessitamos faze-las.
Algumas formas de reparações:
·  Ficarmos limpos;
·  Pedir perdão às pessoas que magoamos;
·  Pagar dividendos colocados em esquecimento por nós;
·  Consertar coisas que danificamos;
·  Ressarcir pertences a terceiros que possamos ter furtado, roubado ou outros;
·  Dar atenção àqueles a quem negligenciamos e etc.
·  No caso de falecimento pode-se encomendar uma missa para a pessoa, buscar homenagear ela de alguma forma ou mesmo proporcionar alguma ajuda de maneira a reparar-se com ela.
·  Caso não seja mais possível contatá-las ou de igual forma seja uma vítimas desconhecidas uma boa pedida para esses tipos de reparações são promoções e/ou atuações em ações sociais comunitárias, ajudar um estranho, cuidar de um idoso necessitado ou mesmo apenas de um desconhecidos, toda boa ação além de gerar reparação gera espiritualidade, gratidão e amor.
Acima temos alguns exemplos, mas certamente você tem inúmeros outros motivos a serem acrescentados à lista, assim como eu também os tenho, mas o mais importante é que são os seus motivos, suas reparações e suas dores a serem resolvidas e libertadas.
Bom e aí, está pronto? Então respira fundo, toma coragem e vai.
Gratidão e excelentes momentos e reparações!

Até a próxima postagem

O DQ Um Novo Rumo
Ulysses Beolchi Jr

Editor do Blog
Terapeuta especilista em dependência química e Thetahealer



Referências Bibliográficas
1 Texto Básico de Narcóticos Anônimos – 5ª Edição – Capitulo 4 – Como funciona – Passo 8  pág. 45
2 Texto Básico de Narcóticos Anônimos – 5ª Edição – Capitulo 4 – Como funciona – Passo 8  pág. 43
3, 4 e 5 Texto Básico de Narcóticos Anônimos – 5ª Edição – Capitulo 4 – Como funciona – Passo 8  pág. 44

domingo, 19 de julho de 2020

O Alcoolismo e Onde Tratá-lo

O alcoolismo é uma doença crônica, caracterizada pelo consumo compulsivo e abusivo do álcool e portanto, uma doença que atinge a saúde mental, física e social do indivíduo: a saúde física é prejudicada pela ação patológica destrutiva que o álcool exerce sobre os tecidos, órgãos, aparelhos e sistemas do organismo, causando alterações graves no funcionamento do corpo humano; a saúde mental se manifesta pela desestabilização dos sistemas nervoso central e periférico, as alterações do comportamento levando o indivíduo a autodestruição. E social porque impede que o indivíduo se realize junto as pessoas que o cercam, amam, e por afetar negativamente as relações entre o alcoólico e a estrutura familiar assim como os amigos, e consequentemente, prejudicando a produtividade em todas as áreas de sua vida. Para os Alcoólicos Anônimos, irmandade que vem obtendo grande sucesso na recuperação de alcoólicos, trata-se também de uma doença espiritual, sendo responsável pela geração de distúrbios de caráter e comportamento, que muitas vezes incluem desonestidade, mentira e tendência à degradação de valores éticos. O alcoolismo é também uma doença progressiva, ou seja, vai se agravando à medida que o doente persiste no uso do álcool; é fatal, pois pode causar a morte. É importante destacar que, apesar dessas características assustadoras, o alcoolismo é passível de controle e de recuperação.

Onde se deve tratar um alcoólatra

Hospital
O paciente pode ser tratado em regime ambulatorial ou de internação, conforme a gravidade do caso, levando em conta as necessidades específicas de cada paciente e os recursos disponíveis. No contexto do alcoolismo e da dependência química, a APA* reconhece a necessidade de tratamento hospitalar para grupos específicos de pacientes. Tem prioridade a intervenção dos seguintes tipos de pacientes:  Os que necessitam de desintoxicação; doentes em síndrome de abstinência; Os dependentes de múltiplas drogas; Os que já apresentaram sinais de delirium tremens;  Pacientes que apresentam uma condição médica crônica (por exemplo: doenças cardíacas); Os que exibam sinais de outra doença psiquiátrica (por exemplo:  depressão com ideias suicidas); Pacientes cujo abuso alcoólico se faz acompanhar de atitudes violentas, perigosas para si e para outrem; Doentes com uma história consistente de não aceitação do tratamento, ou que tiveram benefícios em tratamento anterior em consultório; Os que não responderam a tratamentos menos intensivos e manifestam o desejo de fazê-lo em regime de internação.

Tratamento em ambiente assistido
São chamados centros de recuperação. Para este tipo de tratamento, devem ser encaminhados aqueles que não necessitam de hospitalização, mas cujas vidas e interações se focalizaram inteiramente no álcool, demonstrando perda de motivação para se manterem abstêmios num ambiente ambulatorial. O centro de recuperação oferece um ambiente livre de álcool e de outras drogas. Passando por um tratamento específico contra o alcoolismo, os pacientes recebem educação sobre si mesmos e sobre a doença, e desfrutam de abordagem ocupacional, psicossocial e familiar.

Normas e Condutas
As normas de comportamento costumam ser rígidas no centro de recuperação. Sendo assim:  É obrigatória a abstinência;  Não é admitida a introdução de álcool ou de qualquer outra substância capaz de alterar o humor;  Não se admite o envolvimento de natureza sexual nas dependências do centro;  Agressões físicas não são aceitas;  Contatos com o exterior só podem ser feitos em horários pré-fixados e seguindo regras. A quebra dessas ou de outras regras implica usualmente no desligamento do paciente.

Comunidades Terapêuticas
Proporcionam ambiente seguro, igualmente livre de álcool e drogas, em que a prioridade é o tratamento comportamental, baseado na pressão social. Nessas comunidades procura-se demonstrar no paciente a habilidade de suportar as situações da vida cotidiana sem ter que recorrer ao álcool para suavizá-las paciente é ressocializado. As comunidades geralmente oferecem tratamento de longa duração, numa organização comunitária de natureza terapêutica, com base nos princípios da hierarquia; os membros mais novos da comunidade executam os serviços mais pesados, como a manutenção dos banheiros. À medida que progridem no tratamento, atingem posições mais elevadas dentro do grupo e assumem maiores responsabilidades. Usa-se muito confronto, tanto individual quanto em grupo.

Hospital Dia
São programas de internação parcial, indicados para pacientes que necessitem de mais atenção do que o simples tratamento ambulatorial.  É indicado também para pessoas que vivem em locais distantes do consultório, que possuem dificuldades de deslocamento. É como que um tratamento ambulatorial intensivo. O hospital-dia é aconselhado também para:  Pacientes com maior risco de recaída após a internação; Pacientes vítimas de comorbidades, mais sujeitos a complicações; O hospital-dia é, na verdade, um tratamento semelhante ao dos centros de recuperação, mas por uma determinada parcela de horas ao dia.

Tratamento Ambulatorial
É o tratamento apropriado para pacientes em quem o uso alcoólico, e as condições clínicas e ambientais não requerem um nível muito intenso de cuidados. Frequentemente estabelece a participação em terapias de grupos, além de terapia individual, e, geralmente de terapia de família. Sempre preparando o paciente encorajando-o a participar de grupos A.A.


Fábio Augusto Bento Freitas
Terapeuta em Dependência Química, atualmente cursando Serviço Social na Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro




Referências Bibliográficas: 
Alcoolismo. (Jorge Antônio Jaber Filho; Charles André)
*American Psychological Association


quarta-feira, 15 de julho de 2020

Adaptação

Adaptação: Ação com efeito de adaptar-se; ajuste de alguma coisa à outra; Qualquer característica ou comportamento natural evoluído que torna um organismo capacitado a sobreviver. Ajustar-se ao ambiente para a sobrevivência. (dicionário Aurélio)

Em tempos de pandemia muito se questiona sobre o que virá a ser o "novo normal". Tendo como princípio a normalidade como estado padrão estabelecido pela rotina e oposto à anormalidade, o novo normal nada mais será que o estabelecimento de uma nova rotina. Com novas regras e novos códigos de ética. E a adaptação à esses novos valores será imprescindível para todos nós. Para a maior parte das pessoas esse é um momento crucial onde a sua própria vida e de seus familiares podem correr riscos. E riscos estes advindos da sua própria ação inconsequente e irresponsável.

Mas, para dependentes químicos e alcoolistas esse divisor já se deu há um tempo atrás. Quando decidiram viver uma nova vida. Com novas regras e novos códigos de ética. Porém alguns têm extrema dificuldade de adaptação a essa nova vida. Afinal, não se trata apenas de usar drogas ou não, de beber ou não, e sim de se fazer valer na sociedade.

É preciso adaptar-se a tudo que envolve sua nova vida. Sendo indispensável a atuação do indivíduo na sociedade de forma ativa, assertiva e se possível transformadora. Sua atuação direta e indireta na sociedade fará com que seja incluído e percebido de outra forma. Forma essa necessária para um processo de adaptação adequado, coeso, gradativo, crescente e produtivo. Encontrando autonomia suficiente para a resolução de problemas que se fará imprescindível para a própria manutenção de si mesmo nesta sociedade.

Enquanto pessoas ditas normais sentem extrema dificuldade de adaptarem-se em simplesmente ficar em casa, dependentes químicos e alcoolistas que tiveram que se adaptar em instituições de recuperação ou mesmo em infindáveis sessões de terapia ou em grupos de mútua ajuda alegram-se em poderem estar em suas casas, com suas famílias. Tendo extremo prazer em fazê-lo. A isso, já estão adaptados. E não irão contribuir para o avanço do consumo de álcool e drogas ilícitas em domicílios e também não poderão ser apenas os únicos responsabilizados pelos elevados índices de violência doméstica, por não poderem sair de suas casas ou simplesmente fazerem o que querem.

Estima-se que durante os primeiros meses da quarentena o consumo de bebidas alcoólicas tenha aumentado cerca de 40%. E este dado não difere alcoolistas e não alcoolistas. Mas expressa a enorme dificuldade que ambos têm em qualquer processo de adaptação. Quer seja numa reunião virtual de AA/NA, quer seja em dia de trabalho home-office, temos de nos adaptar. Encontrar soluções. Discutir possibilidades e novos caminhos. E que esses caminhos nos levem a uma vida melhor dentro de nossas novas vidas.

 Assim como "normais" precisam se adaptar à anormalidade de suas novas rotinas, "anormais" precisam se adaptar à "normalidade" em suas novas vidas.

Óbvio que tudo vai passar, mas até lá, teremos de estar todos adaptados.

Afinal, tudo é uma questão de sobrevivência.

Siga em frente!

Saudações.

Até a próxima postagem. Deixe seu comentário, ele é importante parta nós. 


Fabio Augusto Bento Freitas
Terapeuta em dependência química, atualmente cursando Serviço Social
na Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro.

 


domingo, 12 de julho de 2020

O Maravilhoso Programa de Doze Passos – Oitavo Passo

Olá queridos leitores tudo bem com vocês? Espero que sim, bom vamos lá.

Chegamos a mais um momento importantíssimo no processo de recuperação, o momento de descobrirmos quem foi prejudicado por nossas ações. Caramba que difícil isto! Sim, é sim. Mas vamos em frente.

Este passo assim como os dois anteriores irá nos conduzir a uma liberdade ímpar em nossa jornada de vida, porém este passo coloca o holofote não só sobre nós mais também sobre o externo, o outro, pois irá nos conduzir à reparações dos danos causados por nós a nós mesmos e a outros e para tal faremos um lista das pessoas à qual prejudicamos e nos colocaremos dispostos a fazer reparação à todas elas.

Fazer uma lista de reparação é extremamente difícil e complicado para qualquer ser humano, acima de tudo para aqueles que se sentem vítimas e não percebem sua responsabilidade nos fatos direta ou indiretamente.

A honestidade agora além de ser comigo mesmo passa a ser também com o outro, e a cada nome e reparação escrito na lista funciona como um aprimoramento da nossa admissão, aceitação e honestidade e com certeza isto forjará nossa humildade para o momento da reparação propriamente dito.

Como afirmei acima sair da vítima não significa ser responsável por tudo e sim apenas por tua parte, o passo 4 e 5 provavelmente apresentará mais claramente a distinção uma da outra, principalmente se já tivermos conhecimento da natureza exata de nossas falhas e de como vivemos nossas vidas.

Iniciamos aqui o processo de cura das nossas culpas, remorsos, medos, ressentimentos e tudo o mais que percebemos em nós ser necessário reparar.

Mais como irei escrever esta lista? Quem são as pessoas a qual eu prejudiquei? Porque fazê-la? Como mencionei pouco antes os passos 4 e 5 podem ser o ponto de decisão ou partida para esta lista, mais vamos ver o que a literatura de recuperação fala sobre isto.

“Ao escrevermos nossa lista, não poderemos mais negar que tenhamos causado prejuízos. Admitimos que prejudicamos outras pessoas, direta ou indiretamente, através de alguma ação, mentira, promessa quebrada ou negligencia.

Fazemos a nossa lista, ou tiramos de nosso Quarto Passo, e acrescentamos mais nomes, à medida que nos vêm à cabeça. Encaramos a lista com honestidade e examinamos abertamente os nossos erros, com o objetivo de nos dispormos a fazer reparações.

Em alguns casos, podemos não conhecer as pessoas com quem fomos injustos. Quando usávamos, qualquer pessoa com quem entrássemos em contato corria o risco de sair prejudicada. Muitos membros mencionam os seus pais, cônjuges, filhos, amigos, amantes, outros adictos, conhecidos ocasionais, colegas de trabalho, pates, professores, senhorios e desconhecidos. Podemos também nos incluir na lista, pois na nossa adião ativa esvamos lentamente cometendo suicídio.

Como em todos os passos, temos que ser profundos. A maioria de nós fica aquém dos objetivos, mais frequentemente do que os ultrapassa. Ao mesmo tempo, não podemos desistir deste passo, porque não temos certeza de nossa lista esteja completa. Ela nunca se completa 1

Assim como declarei na postagem sobre o passo 6 e 7 esta jornada do passo 8 também será longa e possivelmente poderá apresentar novamente algo que não possua fim, pois como no texto acima diz ela poderá ter novos itens sempre, a qualquer momento ou por lembrarmos de alguém que esquecemos de colocar ou por novas pessoas que por nós possam a virem ser prejudicadas.

A maneira como você irá escrever a lista é de livre escolha, o importante é que ela seja escrita com o nome e o motivo por estar na lista. Você pode fazer uma lista por tipo de reparação por exemplo caso queria personalizar ou trabalhar individualmente cada situação. O importante mesmo é faze-la.

Esse exercício de honestidade e humildade é fundamental para todo ser humano, não apenas adictos, alcoólatras, mais para todos nós pois como seres humanos não estamos isentos de tal situação.

A nossa liberdade como seres humanos em crescimento espiritual, em busca de recuperação e melhoria de vida necessita desta lista, pois ela mostrará o caminha das reconciliações. Precisamos viver este novo, e com isto poderemos saborear o que esta frase diz:

Nosso futuro é modificado, por que não temos que evitar as pessoas que prejudicamos. Como resultado deste passo, recebemos uma nova liberdade que pode pôr fim ao isolamento2.

Que libertador isto não necessitar mais fugir e perceber que não somos mais os causadores de grande parte das minhas dores nem dos outros.

“…., sabemos que não estamos mais magoando os outros intencionalmente”3

Uau, depois de tudo isto só me resta iniciar já minha lista para viver o melhor da minha vida e você o que fará?

Gratidão á todos, ótima semana e até o próximo post.

Não deixem de comentar, ficaremos feliz em respondê-los.

Ulysses Beolchi Jr

Editor do Blog

Terapeuta especializado em dependência química e Thetahealer



Referências bibliográficas

1 Texto Básico de Narcóticos Anônimos – 5ª Edição – Capitulo 4 – Como funciona – Passo 8 pág. 41/42

2 Texto Básico de Narcóticos Anônimos – 5ª Edição – Capitulo 4 – Como funciona – Passo 8 pág. 42/43

3 Texto Básico de Narcóticos Anônimos – 5ª Edição – Capitulo 4 – Como funciona – Passo 8 pág. 43