É notório que o esporte contribui para o
desenvolvimento humano e crescimento pessoal de qualquer cidadão. Mas quando
tratamos do assunto da dependência química, torna-se o esporte, imprescindível
para essa parte da população que necessita se reencontrar ou até mesmo
ressignificar seu estilo de vida.
Durante o tratamento, sendo em regime de internação
ou não, o indivíduo se vê entre o alívio da sobriedade e o marasmo da nova
rotina estabelecida e não raramente volta ao uso sem fazer experimentações em
sua nova vida. A ação criativa torna-se fundamental para que ainda nesse
processo o indivíduo não venha a recair e reiniciar todo ele novamente. Tendo
de passar pelas etapas mais dolorosas do tratamento, as iniciais, onde a
síndrome de abstinência costuma ser mais frequente. Sintomas como: insônia,
tremores, desorientação, delírios auditivos e visuais, dores estomacais,
vômitos, oscilações na pressão arterial e inquietação motora são comuns. Além
da busca do fator de compensação do SNC (Sistema Nervoso Central) através de
substituições do objeto da compulsão que geralmente envolve a procura
incessante por sexo, comida e atividades físicas. E é exatamente nesse ponto
que o esporte transforma a vida desse indivíduo.
Ao direcionar o indivíduo dentro de sua compulsão
pela atividade física, os profissionais envolvidos obtêm grande sucesso no
tratamento, atingindo-o em vários setores de sua vida com o estabelecimento de
rotinas saudáveis, de metas a curto, médio e longo prazos, cumprimento dessas
metas, autoconhecimento, senso de pertencimento e retorno das relações
interpessoais. Não recomendamos a substituição da compulsividade para nenhuma
área de sua vida, porém quando essa compulsão se dá pela prática esportiva,
torna-se aceitável pela grande variedade de fatores benéficos que envolvem a
Educação Física. Sendo de menor complexidade lidar com esse tipo de
compulsividade comparado à compulsão por drogas.
Segundo o professor Marcio de Amorim Arruda
(CREF12.420G-RJ), "a Educação Física é grande facilitadora da saúde mental
tanto na perspectiva biológica quanto na cognitiva. Biológica, já que durante a
atividade física o cérebro produz serotonina, endorfina e ocitocina,
substâncias químicas responsáveis pela sensação de prazer e bem estar. Assim
como a dopamina, também liberada durante e após atividades físicas. E cognitiva
pois ajuda na oxigenação do cérebro melhorando significativamente o raciocínio
lógico, as tomadas de decisões, a criatividade e a atenção em todas as
atividades diárias”.
Atividades lúdicas podem interagir com os exercícios
a fim de melhorar e intensificar as relações sociais do indivíduo. “A
ludicidade é grande instrumento de inclusão e reinserção social e ainda de
promoção do potencial cognitivo. Traz de volta o prazer em atividades que de modo
geral foram deixadas de lado durante o período da obsessão pelo uso de drogas”,
completa o Educador Físico.
É necessário entender que a dependência química é
uma doença complexa. Que atinge todas as áreas da vida do D.Q. e que para ser
controlada é preciso a reestruturação de todas essas áreas, conduzindo-o de
volta a sociedade de forma a atuar produtivamente nesta. Por isso, precisamos
contar com profissionais das mais diversas áreas para conter o avanço desse mal
que destrói vidas e famílias, sufoca a sociedade, contribui para a
criminalidade, superlota presídios, sobrecarrega o judiciário, acaba com sonhos
e subjuga o ser humano.
A Educação Física mostra seu valoroso e fundamental
papel neste cenário. O esporte muda, transforma e dá sentido à vida. Fornece o
entendimento dos fatores positivos de compensação adquiridos de maneira
saudável e trazendo outros benefícios correlacionados como o de saber lidar com
derrotas e vitórias, respeito ao próximo e aos seus limites, lidar com a autossabotagem,
controle emocional, disciplina, dedicação e abdicação.
O dependente químico tende a tomar decisões isoladas
e agir impulsivamente em busca de soluções rápidas e resultados imediatos.
Portanto, antes de sair correndo por aí faça uma avaliação médica e procure um
profissional da Educação Física. O
professor Marcio Arruda encerra: “Mais importante do que a intensidade ou
performance será a prática consciente e regular”.
Fiquemos com esse pensamento!
Siga em frente.
Saudações
Fábio
Augusto Bento Freitas
Terapeuta em Dependência Química,
atualmente cursando Serviço Social na Universidade Estácio de Sá, no Rio de
Janeiro
Colaboração:
Professor Marcio de Amorim Arruda Educador Físico - CREF 12.420G-RJ
Show de bola, mais uma matéria interessantissíma Fábio.
ResponderExcluirNão há mais dúvida do quão importante é a atividade física na vida de qualquer ser humano. Para um DQ não seria diferente e pode ser a chave para uma recuperação da adicçã. As mesmas substâncias químicas liberadas no uso de algum psicoativo, também são liberadas na prática de alguma atividade física (obviamente em taxas bem menores), mas é possível obter a sensação de bem estar com os exercícios físicos de uma forma saudável.
Muito obrigado, Marcos Roberto! Você sempre contribuindo!
ResponderExcluirOlhar a atividade física como mais um fator de recuperação é perfeito em todos os aspectos. É um hábito muito saudável...
ResponderExcluirconcordo
ExcluirExcelente escrita, atividade física é fundamental para o cérebro e o corpo, ajuda muito na desintoxicação do dependente e ajuda muito no bem estar pessoal do individuo.
ResponderExcluirExcelente
Muito obrigado! Ótima colocação!
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